sábado, janeiro 13, 2007

O palácio da Ventura







Sonho que sou um cavaleiro errante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

(É Antero de Quental; e há tanto tempo que não se falava dele...)

Publicou carolina

14 comentários:

Anónimo disse...

Mas que Palácio era esse lá no fundo / Com grandes portas d'ouro na fachada, / Que se abriram para o Cavaleiro Vagabundo / Que nele entrou e o achou dentro sem nada?

Palácio da Ventura era chamado / E ficava além do Sol e da noite escura, / Mas o pobre Cavaleiro, o Deserdado / Nada achou... e acabou na sepultura.

Anónimo disse...

E o Palácio que existe lá no fundo/Não é mais do que a fiel imitação/De tanto Palácio Dourado deste mundo/Pousadas de Sol, de Lua e Solidão!...
(Comigo não há POETA que fique sem resposta)

Anónimo disse...

Pois, talvez num dia de nevoeiro...
Quem sabe?
Será???
D. Sebastião... Rei Artur...o Princípe das Trevas...

Anónimo disse...

"príncipe" (corrijo a acentuação da palavra)

Anónimo disse...

Ah, este Antero e a sua Filosofia pessimista!!!

Para além do Universo luminoso
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se como um vácuo tenebroso.
A onda desse mar tumultuoso
Vem ali expirar, esmaecida...
Numa imobilidade indefinida
Termina aí o ser, inerte, ocioso...
E quando o pensamento, assim absorto,
Emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar as coisas naturais,
A bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.

Anónimo disse...

Pousada de Sol, de Lua e Solidão / São coisas impensadas, imorredouras, / Não me cabem na palma de uma mão / Transbordam-me da alma, sofredoras.

À Laura, optimista, quero dizer / Que para além do Universo luminoso, / Das doenças, muitas dores e do sofrer / Existe, muito pr'além, o Poderoso!

(Daquele que nunca se cala até que a voz lhe morra, à espera de troco)

Carolina disse...

Laura, aprende-me a pôr essas coisas no BLOOOOOGGG!
Às 6ªs parece que o Gil dá explicações.

Agora o troco para o nampulense:

"Queres o troco em moedas
Ou preferes em notinhas?
Dou-te antes uma pandeireta
Para tocares nas modinhas"

Anónimo disse...

Eu em quadras não te venço
Eu sei isso muito bem,
A minha prosa não tem senso
Nem agrada a ninguém.

Mas pandeireta... eu já tenho
Trouxe lá do oriente,
E mais um belo pedestal
Todo em ouro resplandecente.

Em vez de um tal Gama
Uma Palminha vou por,
Sentada no pedestal
Voltada para o Adamastor.

E com esta me retiro
Para a vida ir ganhar,
Fazendo qualquer outra coisa
Menos esta... de versejar!

Anónimo disse...

Este poeta é TEIMOSO
Estou farta de o dizer:
"Tanto em prosa como em verso
É um escritor a valer!"

Mas pôr-me num pedestal?
Isso dá-me aflição.
Quanto mais alto subir
Maior é o trambolhão!

Diexa lá estar o GAMA
Lembrando as suas "barquinhas"
Eu fico no calçadão
A dar as minhas voltinhas.

E com esta me retiro
Nada mais acrescentando
Como vês tenho moedas
E uns trocos te vou dando!

Anónimo disse...

Até parece um cantar ao desafio! Gostei.
Tenho de ver isso das explicações...

Carolina disse...

Porque esperas, Laurita!!?

Anónimo disse...

Eu com trocos não me governo
Preciso de notas, muitas,
Chegado que é o Inverno
Já estou velho p'ra lutas.

Mas as notas de que preciso
Não são dessas em que pensas,
Elas nas pautas habitam
Salpicando linhas extensas.

Preciso delas, preciso,
Pois não queres o pedestal,
Vou-te então compor um hino
Que te torne... imortal!

Guarda lá todos os trocos
E as notas no avental,
Eu vou mas é a Marrocos
Preparar-te um festival.

Será um festival de fama
Com cantares e dançarinos,
Osquestras, filmes, champanhe,
E ao longe... um violino!

- Violino, diz-me lá,
Quem é poeta de rima,
Se eu, escrevinhador,
Se a Carolina Palminha.

E o violino, a vibrar,
Disse a todos que o ouviram:
- Tu... tu nem sabes rimar!...
Claro que é a Carolina.

Sendo este meu triste fado
Numa noite de nevoeiro,
Vou desaparecer a nado
E deixar-te o palco inteiro.

E se nas minhas deambulações
O Palácio Encantado encontrar,
Faço dele um Centro de Arte
Para teus escritos guardar.

E agora minha cara Amiga
De vez eu me vou calar,
Vou fazer como a formiguinha
Em vez de cantar...
trabalhar!

É se calhar idéia errónea
Esta de ir trabalhar,
Vou mas é p'ra Patagónia
Ter com a rena...
e descansar.

Carolina disse...

Se fosses ter com a rena...devias ter um grande descanso!...
É, ela punha-te a procurar pasto e olha que no meio de tanto gelo não era fácil! ;)(piscadela de olho).

Anónimo disse...

E pronto já deste o troco
Com respostas de valor
Dou a mão à palmatória
És um grande "rimador"!!!