quarta-feira, janeiro 31, 2007

Palavras soltas



Escrevi umas palavras soltas, não as prendi, e elas, marotas, escaparam-se e fugiram; claro, ainda tentei apanhá-las... Voltei a escrever e pensei: desta vez vou utilizar palavras bem carregadas; mas elas, as palavras, zangadas comigo, furaram a folha de papel e afundaram-se!...
Teimosa como sou, cheia de arte, juntei-as e utilizei uma artimanha: fiz uma ratoeira para as primeiras palavras soltas, apanhei-as a todas e prendia-as; às segundas, as carregadas, de tão zangada, deixei-as no fundo do mar imaginário de um qualquer pseudo escritor, ou quiçá de uma pessoa como eu, que goste de brincar com elas. Por isso agora as primeiras estão enjauladas numa daquelas gaiolas douradas, a sonharem com a liberdade que perderam; as outras, essas coitadas, continuam elas também aprisionadas na cabeça de um qualquer escriba. Coitadas!!! Bem feito!Porque isto de ser palavra, isto de se gostar de escrever, não é para qualquer um, e aprisiona também qualquer um que as manipule!...
Postado por Silvana Sapage

terça-feira, janeiro 30, 2007

Mahatma Ganghi«a grande alma»


"Só quando se vêem os próprios erros
através de uma lente de aumento,
e se faz exactamente o contrário com os erros dos outros,
é que se pode chegar à justa avaliação
de uns e de outros."
Gandhi - 30 de Janeiro de 1948
*
"A verdadeira educação consiste,
em pôr a descoberto ou fazer actualizar
o melhor de uma pessoa.
Que livro melhor que o livro da humanidade ?"
Gandhi -1948

( postagens de Gandhi publicadas por Teresinha Amoroso )

Idílio


Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas.

Ou, vendo o mar, das ermas cumeadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe, no horizonte, amontoadas.

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que a luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces...

O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das cousas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.

Antero de Quental
publicado por Maria Dulce Duarte

segunda-feira, janeiro 29, 2007

domingo, janeiro 28, 2007

A Casa!



Acordo!
A linha do horizonte é rasgada pela claridade da força do sol. Mais um dia, vazio, sem vida, igual a tantos outros que tem sido ultimamente a minha longa existência.
Os raios de sol, quentes e dourados espraiam-se pelas minhas entranhas, mas não me aquecem, nem tão pouco me dão vida. Ainda estou de pé, mas o abandono e a erosão do tempo, desventra todo o meu ser. Sempre fui pequena e muito pobre, mas havia vida no meu interior. Hoje o que me conforta neste lento desmoronar, são as recordações que povoam todos os meus recantos vazios, frios, despidos da essência de vida.
Acolhi no meu interior, conforme pude, uma vasta família, pobre, muito pobre, viviam somente do seu trabalho duro e mal pago.
Fui erguida a braços, como todas, máquinas e tecnologias não existiam, nesses tempos recuados de poucos recursos e saberes.
Pelas minhas telhas vãs, agora parcialmente partidas, entrava o prateado da lua cheia, enchendo o meu interior de sombras e reflexos de formas indefinidas, e nas frias noites dos duros Invernos, a falta de conforto obrigava toda a minha família a proteger-se no aconchego de vários corpos, descansando, no mesmo colchão de folhas de milho.
A dura pobreza era constante, mas fui sempre estimada e preservada. Era sempre com muita alegria que todos os anos as minhas paredes eram limpas. As barras muito azuis e a alvura da cal davam-me um encanto de uma princesa de conto de fadas, e nos meus canteiros, havia sempre a beleza das sardinheiras floridas ao sol da amena Primavera. Ao lado existia a pequena horta, bem tratada, aconchego do mísero orçamento familiar.
No meu interior juntei três unidas gerações, pais, filhos e netos. Conheci acanhamentos e diabruras, muitas tristezas e alguns lutos, mas também, amor e ternura. Vibrei com o milagre dos nascimentos, horas de muita aflição e dor, mas compensadas com a alegria e a esperança de um novo ser a quem eu podia dar guarida no pouco conforto que tinha para oferecer.
Não sei de ninguém. Partiram uns para o descanso eterno, outros para novas paragens, obrigados pela falta de recursos económicos e por leis criadas pelos homens em que o seu lema é a conservação, mas no entanto, sem eu perceber, o puder central deixa-me desmoronar lentamente, sem nada fazer para que novamente adquira vida, ser porto de abrigo para novas famílias. Quem sabe de um jovem casal imbuído na ternura do amor, na esperança e na força da sua juventude forte e poderosa.
Novamente, eu seria uma casa!...

Foto e texto da Zília

sábado, janeiro 27, 2007

As coisas humanas...


Em suma, as coisas humanas é considerá-las como efémeras e sem valor: ontem, um pouco de greda; amanhã, múmia e um punhado de cinzas. Esta minúscula duração vive-a a tom com a natureza e chega ao fim com a alma contente: como a azeitona madurinha que tombasse abençoando a terra que a criou e dando graças à árvore que a deixou crescer.
Marco Aurélio (Imperador Romano), in "Pensamentos"

De certeza que a nossa VALENTINA chegou ao fim com a alma contente e estará agora ladeada por Anjos, num meio a que por direito pertence, pois enquanto nos acompanhou esteve sempre disponível para ajudar os outros num voluntariado desinteressado e constante . Todos aqui na ASAS sentimos a sua perda e endereçamos à família os sentidos pêsames.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

SIM ou NÃO (1)


Por favor veja daqui para baixo, pois os vídeos estão inter-relacionados e só assim poderão ser integralmente entendidos.
A. Gil

SIM ou NÃO (2)

SIM ou NÃO (3)

SIM ou NÃO (4)

SIM ou NÃO (5)

SIM ou NÃO (6)


A.Gil

O acto sexual é para ter filhos


«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto. A resposta de Natália Correia , em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

(Natália Correia - 3 de Abril de 1982)
Publicado por: António Gil

quinta-feira, janeiro 25, 2007

O Príncipe Perfeito


Era uma vez um rei que vivia num pequeno reino à beira-mar… Podia começar assim a história de D. João II, rei de Portugal de 1455 a 1495. Era filho de D. Afonso V, a quem chamaram “O Africano”, devido às suas campanhas guerreiras no norte de África, e de D. Isabel de Urgel.
Com 16 anos acompanhou o seu pai na conquista de Arzila, onde foi feito cavaleiro, em 1471. Nesse mesmo ano casou com uma prima direita, D. Leonor de Viseu.
D. Afonso V iniciou cedo o seu filho nas tarefas da governação do reino. E o príncipe logo mostrou uma firmeza de carácter que não agradava aos nobres do reino, pois dizia-se que não dava ouvidos a intrigas e não ligava a pressões externas.
Quando subiu ao trono depois da morte de seu pai, em 1481, os cofres do reino estavam tão vazios que ele disse “herdo apenas as estradas de Portugal”. As primeiras medidas que tomou, vieram provar que os poderosos tinham razão para temê-lo; retirou-lhes regalias, equilibrando, assim, os poderes entre o Clero, a Nobreza e o Povo. E os que, chamando-lhe tirano, conspiraram contra ele, pedindo uma invasão de Portugal pelos reis de Espanha, foram presos ou executados por traição, dando-lhe assim espaço para governar.
Foi um homem de extraordinária visão estratégica e que concebeu um projecto extremamente avançado para a sua época, que era simultaneamente administrativo, cultural e económico e que colocou Portugal no centro do mundo: a exploração atlântica iniciada pelo seu tio-avô, o Infante D. Henrique 60 anos antes. Há historiadores que dizem que o projecto do caminho marítimo para a Índia foi concebido por D. João, quando, ainda príncipe, passou a ter a responsabilidade pela prática das navegações.
Com a percepção, que para Portugal ser uma grande potência, tinha que dominar o oceano Índico, mandou navegadores explorarem a costa Africana para sul, até que, em 1488, Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, tornando-se no primeiro europeu a navegar no Índico, vindo de Oeste.
Não se conhece muito das descobertas portuguesas no seu reinado, pois era tudo mantido em segredo e os arquivos existentes foram destruídos no terramoto de 1755. Há quem defenda que os portugueses chegaram à América antes de Colombo. Daí a recusa do rei português em financiar uma viagem a este capitão, sem experiência atlântica, em busca de algo que já era do conhecimento da coroa portuguesa.
Depois de Colombo ter “descoberto” a América, e de se iniciarem disputas entre Portugal e Castela sobre o domínio dos mares, D. João tratou de negociar com Espanha um tratado, onde conseguiu que a linha divisória para as futuras descobertas, ficasse a 370 léguas a oeste de Cabo Verde e não a 100 como pretendiam os espanhóis.
O Tratado de Tordesilhas, prodígio da política externa de D. João II, atribui a Portugal um poder nunca antes atingido por qualquer potência. O mesmo estipulava que as terras a descobrir a leste deste meridiano seriam portuguesas, enquanto que a outra metade do mundo seria espanhola.
Diz-se que os portugueses já tinham chegado ao Brasil, muito antes de Pedro Álvares Cabral ter oficializado a descoberta no ano de 1500 e que este tratado preservou aquele pedaço do novo continente que Portugal queria reclamar no futuro.
Mas os êxitos que obteve como governante, não lhe trouxeram ventura na sua vida pessoal. Diz a História, que os reis católicos, seus primos, tiveram várias filhas, a mais velha casada com D. Afonso de Portugal, mas apenas um filho varão, de saúde frágil. Se este morresse sem deixar descendência, seria D. Afonso de Portugal, único filho de D. João II que iria herdar, não só a coroa portuguesa mas também a espanhola.
Depois de várias tentativas falhadas, dos reis de Espanha, para dissolverem este casamento, em 1491 o príncipe português morre de uma misteriosa queda de cavalo à beira do Tejo. Acidente? Atentado? Nunca ficou provado.
Com um problema sério de sucessão, durante os quatro anos seguintes, os últimos da sua vida, D. João II, destroçado pelo desgosto da morte do seu herdeiro, ainda tenta legitimar junto do Papa, um filho bastardo, D. Jorge, duque de Coimbra. Sem sucesso. Nomeia então D. Manuel, duque de Beja, seu primo e irmão da rainha.
O rei faleceu em 1495, em Alvor, com apenas 40 anos de idade e vítima de uma estranha enfermidade. Suspeita-se de envenenamento. Naqueles tempos, tal como hoje, o veneno era a arma cobarde do inimigo.
Quando Isabel, a Católica, soube do falecimento do seu primo, comentou com admiração e alívio: “Morreu o Homem”, frase que confirma a grandeza do rei.
D. Manuel, seu sucessor, foi colher os frutos da sua obra. Pouco depois, as armadas portuguesas atingem a Índia, espalham-se pelo Oriente e “acham” o Brasil. É o início do Império. Seguir-se-ão décadas de ouro para Portugal, onde começam a chegar as riquezas vindas das terras descobertas.
Não quis o destino que D. João II visse o triunfo do seu projecto. Diz Rui Pina, na “Crónica de D. João II” que ele “foi um príncipe mui justo e mui amigo de justiça” e que “as leis que a seus vassalos condenavam, nunca quis que a si mesmo absolvessem”. E este sentido de justiça tornou-o querido do povo.
Promoveu a centralização e modernização do Governo e um estado aberto a novas ideias. Na política externa preferiu sempre a diplomacia à guerra.
Chamaram-lhe “O Príncipe Perfeito”.
Maria de Portugal
(Publicado na "Gazeta da Lagoa")

instantes...








AMOR

quando os instantes de amanhã se acumulam nas
paredes da casa, eu rasgo as páginas onde te escrevo,
porque sei que tudo será desnecessário, tudo será
frágil. quando imagino o sol não sei se poderei ver,
esqueço as paredes e,

com tanta força,

quero que sejas feliz.

"A Casa, a Escuridão" de José Luís Peixoto

Publicou céu do ó

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Amor de perdição, ou good bye my love good bye etc


TEATRO NACIONAL D. MARIA II
Amor de perdição, ou good bye my love good bye as long as you remember me I’ll never be too far
Atrio 18 de Jan a 18 de Mar 2007 5ª a SÁB. 24H00 DOM. 19H45
Uma releitura do romance de Camilo Castelo Branco. Simão Botelho e Teresa de Albuquerque apaixonam-se mas os seus amores são desde logo contrariados pois as respectivas famílias são rivais de há longa data. Tadeu de Albuquerque jura casar Teresa com o primo Baltasar, ou, se ela recusar, encerrá-la num convento. O pai de Simão, por seu lado, manda o filho para Coimbra, para concluir os estudos e esquecer os devaneios amorosos.
O par começa a corresponder-se e até consegue encontrar-se, mas é descoberto. Teresa irá para o convento de Monchique, Simão defronta-se com Baltasar e acaba por atingi-lo com um tiro mortal. É condenado ao degredo, na Índia, durante dez anos. Ao embarcar, avista o convento onde a amada morre. Ele não sobrevive muito mais tempo, morrendo de febre durante a viagem.

Encenação texto dramaturgia RICARDO MOURA VERA PAZ Movimento MARIA JOÃO PEREIRA Desenho de luz CELESTINO VERDADES Edição de som sonoplastia PAULO LÁZARO Imagem vídeo SUSANA GOMES Fotografia MÁRIO MARTINS Banda sonora espaço cénico figurinos adereços d’AS ENTRANHAS
COM
MARIA JOÃO PEREIRA MÓNICA GARCEZ PATRÍCIA FAUSTINO VERA PAZ LUÍS HIPÓLITO PAULO LÁZARO RICARDO MOURA RUI LACERDA SÉRGIO GRILO
[Biografia de Camilo Castelo Branco]
António Gil

Pai



Olá meu amigo
Olá companheiro
Olá Pai querido
Olá conselheiro...

Amigo de todas as horas
Sempre atento e vigilante
Diz-me o local onde moras
P'ra quando eu for viajante

Companheiro no meu caminho
Numa jornada intemporal
Não esquecerei o carinho
Do teu Amor paternal

Pai querido, exemplo vivo...
Do homem que não foi criança
Que cresceu sem ter aviso
Num crescimento de esperança

Conselheiro sempre atento
Que o tempo já nos levou
Numa lágrima, o sentimento
Do amor que cá ficou

Uma lágrima de saudade pelos pais que nos deixaram, muitas vezes sem tempo para nos despedirmos.
Encontrá-los-emos, um dia, numa outra estrada do mundo.

Publicou: A. Courelas/ASAS/Pólo de Sines

terça-feira, janeiro 23, 2007

Sonho

Sonhei que estava no Paraíso
e um lindo cavalo fui encontrar
cuidei dele fiz o que foi preciso
para nele aprender a montar!

Lindas paisagens percorri
no meu cavalo de encantar
para o céu, para as estrelas sorri
por tanta felicidade encontrar!

e cavalgando sem parar
de noite e dia, ao sol, ao luar!...
as pontas do meu sonho fui desfiando!

E deste sonho maravilhoso
onde tudo era tão esplendoroso
a pouco e pouco fui despertando!

Publicou: Maria Dulce Duarte

Hino à Natureza

Entre a planície e o mar fica a lagoa: Hino de Vida e de Alegria.
Para mim é muito gratificante poder conviver de perto com todo o esplendor existente neste espaço hídrico-fauna e flora.
Sempre que posso, principalmente nos dias soalheiros, gosto de ir de mansinho, respeitando o ambiente e o sossego de todos os habitantes deste maravilhoso ecossistema aquático, ver e percorrer com cuidado e atenção, as suas margens cheias de vida, cor e sons.
Por vezes escolho um poiso confortável, com visão abrangente e fico atenta aos seus movimentos, diferentes conforme a hora do dia ou as condições atmosféricas.
De manhã, geralmente, todos andam muito concentrados na procura de alimento, depois com o avançar das horas e a fome saciada, dedicam-se a brincar e a cuidar da sua higiene. As suas penas precisam de muitos cuidados diários. Muitas vezes encontro-os divididos por espécies, outras, todos juntos, irmanados no seu conceito de vida e necessidades.Por vezes há conflitos e perseguições entre machos empertigados, na conquista de uma fêmea, por vários, cortejada.
Os sons ouvidos são muito variados; os patos soltam o seu forte "quá-quá", enquanto que os galeirões comunicam com um agudo som.
E as rãs formam uma graciosa orquestra com os seus coachares quase roucos. No ritual de comunicação e acasalamento, as cegonhas usam o bico como castanholas vibrantes e frenéticas.
Nesta sinfonia existem muitos outros sons, graves, agudos, curtos ou longos, vindos dos afinados elementos que actuam sempre sem maestro presente.
Do meu esconderijo vejo várias espécies que por aqui habitam. Alguns sei que estão somente de passagem para outras paragens. É o seu puro instinto de sobrevivência. Muitos apresentam roupagem colorida, outros menos vistosa ou até mesmo preta.
Alguns são muito enérgicos, de passinhos curtos mas bastante acelerados como o borrelho e a narceja; já o pato, é de corpo mais robusto e vagaroso no andar.
É isto que eu chamo Hino de Vida e Alegria, pureza e simplicidade onde eu me sinto muito, muito pequenina, mas muito feliz por o conhecer.
ATENÇÃO: estes sítios são lugares de culto à Natureza, que se podem visitar, mas sempre com o dever de preservar e respeitar.

Texto e foto da Zília

sábado, janeiro 20, 2007

Oração de Natal 2006


Pelas gentes de Souselas e do Outão
Pelas toxinas que hão-de vir da co-incineração
Pelos nossos rios cheios de poluição
Senhor, tende piedade de nós

Pelo TGV que nos vai custar milhões
Pelo povo português que tem o que pediu nas eleições
Senhor, tende piedade de nós

Pelas maternidades que o Ministro fechou nos hospitais
Pelo nosso “Primeiro” que mente e é teimoso demais
Senhor, tende piedade de nós

Pelo livro revelador da Carolina Salgado
Pela grande novela do “Apito Dourado”
Pelo Pinto da Costa que está tão calado
Senhor, tende piedade de nós

Pelo processo “Casa Pia” que não se vê o final
Pelo Bibi que é o único que vai ficar mal
Senhor, tende piedade de nós

Pelo deputado que não foi acusado
E que agora pede indemnização ao estado
Pelas pontes que caem e ninguém é culpado
Senhor, tende piedade de nós

Pelo povo português que não tem dinheiro
E pelos milhões que doamos ao estrangeiro
Senhor, tende piedade de nós

Pelos impasses do túnel do Marquês
Pelo Terreiro do Paço que abateu segunda vez
Senhor, tende piedade de nós

Pela décima plástica da nossa Lili
Pelo José Castelo Branco que continua na TVI
Senhor, tende piedade de nós

Pelos devedores ao fisco que não são poucos
Pelos incendiários das matas que são sempre loucos
Senhor, tende piedade de nós

Pelo ministro que arranja um “tacho” para a filha
Pelas guerrinhas entre o governo e a Ilha
Senhor, tende piedade de nós

Pela eterna desculpa dos governos passados
Pelos árbitros de futebol que foram comprados
Senhor, tende piedade de nós

Pela eterna farra dos nossos banqueiros
Que brincam connosco e com os nossos dinheiros
Senhor, tende piedade de nós

Pelo crescimento do PIB igual ao do Sudão
Pelos polícias que vão para a prisão
Pela bandidagem a quem ninguém põe travão
Senhor, tende piedade de nós

Pelo fecho das urgências em alguns hospitais
Pela Europa que não nos deixa pescar mais
Senhor, tende piedade de nós

Pelo segredo de justiça que vai parar no jornal
Pela complacência do povo que já nada leva a mal
Senhor, tende piedade de nós


Maria de Portugal
(Publicado na “Gazeta de Lagoa" em Dezembro de 2006)

« Vamos Cantar as Janeiras »


Clique na imagem acima sff
Nota - A imagem inicial é da EB1 de Igreja Figueiras
António Gil

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Direcção



(E aqui está um poema que eu gostaria de ouvir na voz do Mário Viegas)

Eu conheci um caranguejo
de uma esquisita cor azul
que andava sempre para trás
na praia sol do mar do sul.

Naquela praia a cor azul
era um sinal de liberdade
nas velhas conchas muito azuis,
no búzio azul de tenra idade.

E o caranguejo olhando em volta
viu as crianças a correr
viu muita gente passeando
e começou a entristecer:

- Que confusão isto me faz!
Porque será porque será
que só eu ando para a frente
e todos andam para trás?
(Mª Alberta Menéres)

Publicou carolina

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Martin Luther King


Sábias palavras.
(clique na imagem acima e depois em Abrir. Quando tiver acabado, clique na seta no canto superior esquerdo do seu browser, para Retroceder.)
António Gil

terça-feira, janeiro 16, 2007

Lembrando Mário Viegas



Enquanto não chega o filme, duas imagens da sessão do Canto das Letras de hoje, 16/01/07.
António Gil

Cantando as Janeiras



Enquanto não chega o filme, duas fotos.
Canto das Letras em 16/01/07
António Gil

sábado, janeiro 13, 2007

O palácio da Ventura







Sonho que sou um cavaleiro errante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

(É Antero de Quental; e há tanto tempo que não se falava dele...)

Publicou carolina

quinta-feira, janeiro 11, 2007

INVERNO


O Inverno chegou e com ele o prenúncio de uma tristeza infindável!... O Sol espreita triste e encoberto, aquelas manhãs tão doces e luminosas, amanhecem agora enevoadas e tristes! As noites de luar de uma beleza singular, e ao mesmo tempo romântica, dão lugar às noites chuvosas, e tenebrosas com lufadas de vento!
As árvores, que antes se erguiam majestosamente, cobertas das suas belas folhagens, acolhendo as várias espécies de aves, que com suas lindas melodias, as faziam agitar alegremente, dão lugar a árvores quase nuas e tristes, sacudidas por um vasto vento de inverno, que com silvos desolados, teima em fugir por entre as poucas ramagens que ainda lhes restam.
No céu, nuvens brancas encapeladas semelhantes a lã de ovelhas, transformam-se em nuvens cinzentas, prenunciando a chegada de torrentes de água, que num clamor teimoso, se fazem irromper num pranto!...
Mas nem tudo é triste no Inverno; em certas partes da Terra, árvores, montes e colinas, cobrem-se de neve, transformando assim uma paisagem triste, numa paisagem deslumbrante de inverno, fazendo a delícia das crianças, e inspirando poetas e pintores!... O inverno acha-se assim envolto pelos panoramas infinitamente majestosos e variegados do céu, que nos fazem deleitar nas coisas maravilhosas que a Natureza nos oferece.
M. Dulce Duarte

terça-feira, janeiro 09, 2007

Mulher!


Embora hoje não se comemore o "Dia da Mulher", o blogue do Canto das Letras entendeu prestar-lhes uma homenagem através desta belíssima balada de José Cid. À minha e às outras, abençoadas sejam por existirem!
A. Gil

vitória!



Amigos, parece que já se quebrou a barreira

E que tal, Camilo Pessanha?...







Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas,
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

(Camilo Pessanha, falando do tempo, talvez...)

Publicou carolina

segunda-feira, janeiro 08, 2007

O TEMPO


Então foi assim: o tempo correu no firmamento e o homem, para não o perder, aprisionou-o no calendário. Contudo não era só isso o necessário, porque seguindo-se os passos do tempo, não se obtem o destinatário. Apenas se possui uma referência de toda a ausência que o tempo deixou para trás, aquele lugar repleto de lembranças, bem no centro de onde estivemos, mas onde não estaremos mais. O que há para diante? Só o tempo sabe. Mas nós podemos fazer um plano, podemos criar em esboço uma trajetória razoável para o futuro. Basta para isso viver com responsabilidade e respeito. Respeito ao próximo, respeito à natureza e a tudo o que nos circunda, nesta ocasião momentânea da nossa existência. Para que um dia sejamos uma boa recordação, e que os nossos substitutos neste plano se lembrem de nós com reverência, como um lapso de ouro no episódio da criação.

Gerson F. Filho
Publicado por António Gil em Português Europeu

domingo, janeiro 07, 2007

Freddie Mercury «Somebody to Love»


Queen - Somebody To Love (Live in Montreal, 1981)
Clique na imagem acima; se lhe for solicitada a instalação de um programa (que é free - gratuito), deverá autorizar. Poderá depois ver este documentário no formato DivX, com uma qualidade que se aproxima da do DVD. Para além de o poder ver, poderá fazer o respectivo download para o disco (é necessária banda larga para um correcto visionamento - depois de iniciar, dê um duplo clique para ver em ecrã inteiro).
Nota: demora um pouquinho a entrar no site mas é mesmo assim.

A formiga


As coisas devem ser bem grandes
Pra formiga pequenina
A rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina

A gota d'água, um manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É navio a navegar

O bico de pão, o corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados,
Ovelhinhas pelo monte
(Vinicius de Moraes)

Publicou carolina

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Livros!


"Um livro comovente sobre o exílio e a solidão.
A Neta do Senhor Linh é um hino a temas universais - a amizade, a solidariedade e a compaixão - escrito com a elegância e a limpidez dos grandes clássicos da literatura."
«Numa fria manhã de Novembro, depois de uma penosa viagem de barco, um ansião desembarca num país que não é o seu, onde não conhece ninguém e cuja língua ignora. O senhor Linh foge de uma guerra que lhe roubou a família e a aldeia onde sempre viveu, para o deixar rodeado de morte e devastação. A guerra acabou com tudo, excepto com a sua neta, uma menina tranquila que adormece serenamente sempre que o avô lhe canta uma melodia que as mulheres da sua família transmitem de geração em geração.»

Publicou Carolina

Inscrição sobre as ondas

Mal fora iniciada a secreta viagem
um deus me segredou que eu não iria só.
Por isso a cada vulto os sentidos reagem
supondo ser a luz que deus me segredou
(in "A secreta viagem")
Poema de : David Mourão Ferreira
Publicou Carolina

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Tempos do tempo


Alva madrugada manhã fria
Névoa fino manto rendilhado
Noite escura em manhã se abria
Adeus luar no céu equilibrado
Tem fiapos de cores desmaiadas
As manhãs de horas acertadas.

Manhã clara para sol de meio-dia.
Brilhos coloridos na linha do horizonte
Leve brisa com poemas de alegria
Dançam as cores nas flores do monte
Cheiros de mel semeados ao vento
Dourado sol no seu movimento.

Calorosa tarde em suave descair
Com nuvens pousadas no azul do céu
Fresco vento na planície a sorrir
No lençol de estrelas o sol adormeceu
Estrela polar em sua constelação
Céu e terra em perfeita união.

Escura noite de um dia acabado
Lua embrulhada em sombras escuras
Uivos de vento um sono adiado
Nas tempestades não existem lisuras
Mar grosso de cristas a encapelar
Luar baço em nuvens a filtrar.

Zjesus
Porto Peixe-30-12-06

O salvamento


31 de Outubro de 2006. Uma forte tempestade surpreeendeu mais de uma centena de cavalos que pastavam nas terras baixas da Holanda, confinando-os a rápida subida das águas a uma pequena ilha. Sem alimentos, com a permanente subida do nível da água, temia-se pela sua sorte. A primeira tentativa de os salvar com um barco falhou, porque este se atolou na areia. Subitamente e por momentos a água parou de subir... Era a ocasião perfeita para testar uma aproximação diferente. Um pequeno grupo de mulheres montou a cavalo e foi tentar fazer com que os mais de uma centena de cavalos aprisionados pela água as seguisse na travessia que era urgente. 3 de Novembro, 14H00, o salvamento inicia-se... irá ter sucesso ou um drama estava eminente?
Clique na imagem acima.
Julia Romero

terça-feira, janeiro 02, 2007

Você merece ser feliz


Globoradio - Você Merece Ser Feliz: Nunca deixe de sonhar com o que você quer que se torne realidade. Clique na imagem para ouvir.
A. Gil

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Nascimento



Boa noite, Boa noite,
já são horas de ir dormir.
Começa a lua a espreitar:
"Lá vem a Lua a subir!"


Brinquedos e brincadeiras
trabalhos do dia - a - dia
fecham seus olhos cansados
procurando outra magia.


Devagar devagarinho
como quem começa a ler,
vai este dia esconder -se
para outro dia nascer.

Boa noite, Boa noite,
já vem o sono a chegar,
O dia que vai nascer
quem é que o quer embalar?

(Mª Alberta Menéres "Conversas com versos")

(E o ANO que vai nascer
quem é que o quer embalar?)

Publicou, a desoras, a carolina