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domingo, novembro 04, 2007
quinta-feira, novembro 01, 2007
Retornados (RAI 3)
segunda-feira, outubro 29, 2007
Parabéns!
sábado, outubro 27, 2007
quinta-feira, outubro 25, 2007
domingo, outubro 21, 2007
Na escuridão...
Na varanda, aconchegada com uma manta bem fofinha, beberrico chá de ervas, olho o escuro e ouço unicamente as cigarras.
No ambiente há o silêncio e a paz dos lugares que nos reconfortam.
O gato, em pose, queda-se na mesa rente à janela.
De repente, o restolhar das folhas deixa adivinhar um movimento.
Quedo-me num espanto incontido:
- O que é isto? Um cão? Não, não!
- É uma raposa!
Uma raposa, ali mesmo a meus pés, junto às cadeiras do alpendre, passeia-se para cá e para lá com calma e sem receio, indiferente ao flash da máquina!
Momentos depois banqueteia-se, numa pequena clareira do jardim, com o mais recente fruto da caçada: um rato!
20/10/2007
quinta-feira, outubro 18, 2007
Uma longa amizade
- Então não querem lá ver esta safada! Levas uma cachaporrada!
Manel do Paço olha na direcção onde julga estar a mosca sem vida, nada vê, mas também não é muito importante esforçar as vistas por causa de uma mosca morta. Prefere orientá-las para o recinto do jardim, onde a azáfama é enorme na preparação das festas da aldeia. O silêncio instalou-se entre os dois amigos, cada um envolvido nos seus próprios pensamentos e recordações.
Nisto, vindo do nada, surge o Malhadinhas, de rabo hirto distribuindo marradinhas às pernas dos dois amigos ainda pensativos.
Os dois velhotes e o bichano envolvem-se em vínculos fluidos de afectos, como colectâneas vivas de prazeres e alegrias. O gato deixa-se invadir por uma lassidão profunda, distribuindo “rons-rons” ritmados. De olhos semi-cerrados é envolvido por uma modorra de prazer e paz, enquanto é afagado carinhosamente pelos seus dois amigos.
Os dois homens olham-se e sorriem. Foi o Manel do Paço que interrompeu o silencio.
- Ó Caliças. já viste este safado? Cada vez está mais meloso, acho que ele anda de Janeiro!
-Talvez, talvez. Ó Manel tu ainda te lembras quando foi Janeiro?!
-Olha, olha, então achas que eu sou esquecido como tu?!
Os dois amigos riem-se das suas próprias brejeirices tardias e, vão nos seus passinhos cansados até ao jardim onde os preparativos para a festa, estão já nos finais. Encontram pessoas conhecidas e forasteiros veraneantes, em procura de muita animação e divertimento constante. Em tempos, também eles se divertiam até ao amanhecer de um novo dia, agora, o cansaço dos anos obriga a ter contenção e, lá vão eles em passos curtos até para as suas respectivas casas, tranquilos e serenos como sempre.
Zjesus (Zília)
21-08-2007
terça-feira, outubro 16, 2007
"Novinho em Folha"
terça-feira, outubro 09, 2007
Um fruto descomunal!
quarta-feira, outubro 03, 2007
Florinda Carriça

-Tanto que eu trabalhei nestes campos e agora está tudo a mato e abandonado!....Tudo isto era um primor.
O que será feito dos outros? Muitos já morreram, outros foram para casa dos filhos, fechados entre quatro paredes, longe de onde nasceram e viveram. Alguns ficaram na aldeia, como eu. Gosto de estar aqui na minha terra e, sentir o cheiro das estevas, ouvir a cegarrega das cigarras e ver o voar das borboletas. Na Primavera dou sempre a boas vindas às minhas amigas andorinhas, que têm ninho no beiral da minha casinha. Muitos dizem-me que sou louca por gostar destas coisas simples e pequenas. Mas gosto mesmo a valer e, ainda bem que o meu neto Dudu também gosta , assim como a minha nora, que diz : - Aqui respira-se ar puro. Só me dói é ver e sentir o abandono dos campos, outrora cheios de vida, esperança e canseira. Trabalho duro e muita miséria, foi a minha vida.
Florindinha, Florindinha…não sejas mal agradecida, olha que sempre foste saudável, tiveste muita sorte com o homem que escolheste e o filho!....É um tesouro.
E o meu Joaquim?! Que saudades. Deixaste-me há já tanto tempo, mas estás sempre no meu coração. As recordações, as recordações!!! Meu grande maroto!!!Lembro-me muito bem, ainda namoriscaste a maluca da Bertelina! O que será feito dela? Ah, já me lembro, foi para França procurar vida melhor.
Bem! Olha chaparro, obrigado pela sombra que me deste. Já descansei, já vi os campos, devagar e com muito cuidado, vou para casa. Deve estar na hora das raparigas do Centro de Dia, presentearem esta velhota com um rico almocinho.
Zjesus
18-08-07
(Texto da nossa Zília)
(Publicou carolina)
segunda-feira, outubro 01, 2007
Trumpet concerto Haydn Jeroen Berwaerts
domingo, setembro 30, 2007
Páginas de Liberdade e Jogos de Infidelidade


A duplamente galardoada com um Óscar da Academia Hilary Swank brilha nesta apaixonante história sobre jovens vindos de bairros degradados, criados no meio de tiroteios e de um ambiente violento, e uma professora que lhes dá o que eles mais precisam: uma voz própria. Largada na "zona de tiro" de uma escola dilacerada pela violência e pela tensão racial, a professora Erin Gruwell trava uma batalha para fazer com que a sala de aula passe a ter importância nas vidas destes estudantes (baseado em factos reais).
sexta-feira, setembro 28, 2007
quarta-feira, setembro 26, 2007
terça-feira, setembro 25, 2007
segunda-feira, setembro 24, 2007
domingo, setembro 23, 2007
Marcele Marceau
quinta-feira, setembro 20, 2007
O Hipopótamo!
sábado, setembro 15, 2007
quinta-feira, setembro 13, 2007
Últimas notícias...
E dizia um rouxinól para o outro:
- Então já sabes a última?
- Eu não. É o quê?
- Acabo de ler no "Jornal da Passarada" que lá para o Alentejo, numa terra chamada qualquer coisa André, há um grupo de sem penas que nos estão a imitar. E para que o logro seja maior, vê lá tu, até se intitulam ASAS. ASAS??? Se não teem penas nem são aviões, porque se dizem ASAS?
- Piu, piu, está o mundo doido. E depois?
- E depois? Ainda perguntas? Sacode as penas e põe lá a moleirinha a funcionar. É claro que por este andar não tarda estamos no desemprego. E adeus gaiolas douradas, com TI e ar reciclado.
- Mas tens a certeza? Não terás lido mal?
- Olha, até te posso dizer que a última vez que cantaram foi exactamente hoje.
- Piu, piu. Meu Deus!
- E segundo vem escrito, tiveram um sucesso enorme.
- Piuuuu, piuuuu, estamos tramados! Temos que fazer qualquer coisa.
- Tive uma ideia. Proponho que comecemos a desafinar. Eles imitam-nos e lixam-se. E nós continuamos os reis do canto, com as mordomias a que temos direito e estamos habituados. E com um pouco de sorte ainda nos convidam para ir cantar à Biblioteca.
- Ideia de passarinho! Apoiado, piu, piu, apoiado.
E assim termina esta história real que eu ouvi contar a um rouxinól, cerca da meia-noite do dia 12 de Setembro de 2007, por sinal uma quarta-feira.
sábado, setembro 08, 2007
quinta-feira, setembro 06, 2007
sexta-feira, agosto 31, 2007
Descobrimentos
quinta-feira, agosto 30, 2007
domingo, agosto 26, 2007
quinta-feira, agosto 23, 2007
trajecto
quarta-feira, agosto 22, 2007
Escrita Criativa
sexta-feira, agosto 17, 2007
«MARRABENTA»
quinta-feira, agosto 16, 2007
Segredo
segunda-feira, agosto 13, 2007
A Camões

os seus próprios infortúnios"
Acho teu fado ao meu quando os cotejo!
Igual causa nos fez perdendo o Tejo
Arrostar co sacrílego gigante:
Como tu, junto ao Ganges sussurrante
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante:
Lubíbrio, como tu, da sorte dura,
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura:
Modelo meu tu és... Mas, ó tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da natureza.
Bocage
(postado pela Helena Tereno)
sábado, agosto 11, 2007
Viagem espacial
domingo, agosto 05, 2007
Fado De Coimbra, Serenata Monumental
FUR - Um retrato imaginário de Diane Arbus

Ninguém passa impune diante de uma fotografia feita por Diane Arbus. A imagem desconcerta o nosso olhar e permanecemos capturados pela estranha sensação que ela provoca. As suas fotos tocam no fundo da alma deixando na memória um traço, marcado como um arranhão.
(vejam mais em "A ARTE NO SÉCULO XX" clicando em:
http://oseculoprodigioso.blogspot.com/2007/03/arbus-diane-fotografia.html
sábado, agosto 04, 2007
Poesia II- 1930-1932

De crer tanto em que não creio
Fala, amarelo, pasmado
sexta-feira, agosto 03, 2007
quinta-feira, agosto 02, 2007
Luar de Agosto
domingo, julho 29, 2007
Ana e Vasco
domingo, julho 22, 2007
PRAIA ... (Porto Covo)
Os pinheiros gemem quando passa o vento
quarta-feira, julho 18, 2007
O Cadeirão casou com a Cadeirinha
segunda-feira, julho 16, 2007
Terceira Vida

O Outono corria calmo, manso como as folhas que a leve brisa amontoava aos cantos. O rio também deslizava por baixo da ponte San Telmo sem sobressaltos, como que meio adormecido. Dizia-se que o Guadalquivir marulhava nas noites calmas velhos segredos de mouras encantadas, trazidas para Espanha de reinos longínquos, do outro lado do estreito. Havia mesmo quem jurasse ter chegado à fala com alguma delas, figuras que lhes tinham aparecido saídas do nada, contado histórias mirabolantes e, como que por magia, se tinham esfumado no ar. Provavelmente eram produto do saboroso manzanilla, vinho fino e seco, de que se usava e abusava muitas vezes. Como sempre em Sevilha e naquela estação, a temperatura devia rondar os 32 graus centígrados. A vida decorria ao ritmo da cidade, com movimentos lentos, sem pressa, onde tudo e todos se esforçavam para não gastar energias, religiosamente reservadas para as “fiestas”, onde inexplicavelmente se soltavam com um vigor de espantar.
Combinara encontrar-me com Guadalupe na Plaza de la Maestranza. A tarde era de touros, ouviam-se os “olés” do público, quase abafando um vibrante pasodoble tocado por uma orquestra de metais. Ocorreu-me a letra cantada por Rocio Jurado e que tão bem descrevia a festa brava:
Oro, plata, sombra y sol,
el gentío y el clamor,
tres monteras, tres capotes
en el redondel
y un clarín que corta el viento
anunciando un toro negro
que da miedo ver.
Chicuelinas de verdad,
tres verónicas sin par
y a caballo con nobleza
lucha el picador,
y la música que suena
cuando el toro y la muleta
van al mismo son.
Viva el pasodoble
que hace alegre la tragedia,
viva lo español,
la bravura si medida,
el valor y el temple
de esta vieja fiesta.
Viva el pasodoble,
melodía de colores,
garbo de esta fiesta,
queda en el recuerdo
cuando ya en el ruedo
la corrida terminó.
Cavalos engalanados com grinaldas multicolores e atrelados a velhos coches aguardavam o fim da faena, sacudindo as caudas entrançadas na vã tentativa de afastar as moscas. Encostados indolentemente aos varais ou sentados nos garridos bancos, os condutores esperavam que o final da tarde lhes trouxesse algum estrangeiro endinheirado, que quisesse percorrer Sevilha.
Admirei os milhares de laranjeiras que ornavam as ruas, segundo ouvira dizer um legado dos árabes que ali se estabeleceram desde o século VIII. E a Guadalupe sem chegar! Conhecera-a no Parque Maria Luísa, com mais de 400 mil metros de superfície, onde a luz nos chega filtrada pelo verde de centenas de espécies de flores, plantas e árvores, algumas seculares. Tinha sido o meu amigo José Cãno que me tinha aconselhado a que não perdesse aquela jóia, um verdadeiro pulmão da cidade. Levantara-me cedo naquela manhã de Outono. Passeava calmamente pelas áleas do jardim, admirando a flora belíssima e sumptuosa, cheirando os mil perfumes que serpenteavam pelo ar, quando senti a atenção desperta por uma linda jovem que estava sentada num dos bancos de ferro, com um livro nas mãos. Olhei-a de soslaio, como que envergonhado por desfrutar daquela forma a sua imensa beleza. A pele era da cor do chocolate, os cabelos lisos despenhavam-se como uma cascata sobre os ombros, uma grande flor vermelha de hibisco ornamentava-lhe a fronte esquerda. Das orelhas pendiam largas argolas de ouro, ao pescoço um colar de pedras vermelhas reflectia os raios de sol. Em ambos os pulsos tinha quatro ou cinco argolas de ouro iguais aos brincos. Trazia um largo vestido branco pintalgado com pequenos círculos cheios a vermelho, composto por vários folhos, como os das dançarinas de flamengo; a gola larga deixava ver o início dos seios, bem torneados, de um creme aveludado. Fiquei ali especado, a olhar, como um espantalho. Claro que ela acabou por notar a minha presença e sorriu-me. Respirei fundo e aproximei-me, apresentando-me. Disse-me que era tradutora de castelhano, que trabalhava para uma conceituada editora e que vinha ali muitas vezes descarregar o stress do dia a dia. Conversámos durante horas, era como se já nos conhecêssemos à muito tempo. Por sugestão sua atravessámos o rio e fomos a Triana. Percorremos a Calle Bétis e sentámo-nos numa esplanada à beira-rio, saboreando belas tapas de variados petiscos, acompanhadas por tequilla muito fresca. Apreciámos a vista da cidade, que se desenhava linda na outra margem. Ela contou-me que este bairro de marinheiros era forja de toureiros, cantoras e bailarinas de flamengo. Contou-me que ela própria nascera ali. Mais tarde, já a noite caíra à muito, regressamos pela ponte Isabel II e depois acompanhei-a a casa. Deixei-a no número 47 da Praça de Espanha, muito perto do jardim onde de manhã a encontrara. E combináramos aquele encontro para hoje, junto à Praça de Touros.
Preocupado, decidi ir ter com ela a casa. Fiz parar um táxi e pedi ao motorista que se apressasse. Dei-lhe uma confortável gorjeta e apeie-me junto a um quiosque de venda de jornais. Do outro lado da rua ficava o número 47. Atravessei-a a passos largos e toquei à campainha. Ninguém atendeu. Voltei a tocar, desta vez com insistência. A porta abriu-se finalmente e surgiu uma senhora de roupão, com cerca de 50 anos, que com maus modos me perguntou o que queria. Disse-lhe que a Gaudalupe tinha ficado de se encontrar comigo junto à Maestranza e que não tinha aparecido. Perguntei-lhe se era a mãe. Respondeu-me que não tinha filhos e que ali não vivia nenhuma Guadalupe. Como? Impossível. Contei-lhe que a acompanhara na véspera e que até lhe tinha aberto a porta com a chave que me dera, pois estava com as mãos ocupadas com um ramo de flores que eu lhe comprara. Que não, que ali só morava ela com o marido, que era polícia e que estava a dormir, pois regressara do turno. Insisti e ela ameaçou ir acordá-lo.
Dirigi-me ao quiosque e perguntei ao vendedor se conhecia a Guadalupe, fazendo-lhe uma breve descrição. Guadalupe? A dançarina de flamengo que morrera atropelada ia para uns dez anos mesmo ali, do outro lado da rua, frente ao número 47? O coração começou a bater-me descompassadamente. Vi tudo a girar e não me lembro de mais nada. Acordei numa cama do hospital psiquiátrico Virgen Macarena, nos arredores de Sevilha. Tem sido a minha casa desde então. A recordação de Guadalupe mantém-se tão viva como no momento em que a vi, naquela manhã de Outono, no Parque Maria Luísa.
(Gil, 04/01/07)
A médica psiquiatra, moçambicana há anos a residir em Espanha, olha com ternura para (diz ela) o seu doente preferido. Um homem calmo de olhar triste que se passeia pelos corredores e jardins do hospital, levando sempre nas mãos um grande ramo de flores de hibisco. Quando se cruza com alguém, ele sempre diz: “São para Guadalupe!...”
Está na hora do remédio e ela, ajudando-o a deitar-se, pega no ramo de flores e cuidadosamente coloca-o numa jarra que está sobre a mesa de cabeceira.
Dirigindo-se à enfermeira (uma portuguesa que recentemente chegou ao hospital) diz:
-Dê o calmante ao doente, por favor.
O homem toma o calmante, sabe que isso o ajudará a ter uma noite sem sonhos nem pesadelos.
- Boa-noite! Durma descansado, talvez ELA venha amanhã!....
-Talvez… -diz ele, prestes a adormecer .
(Carolina, 03/01/07)
Quero bem ao vento norte
Que me faz andar à vela
Quero bem ao vento sul
Que me leva à minha terra…
Cantarolava desde manhã aquela quadra que não lhe saía da cabeça. Deviam ser saudades da terra.
Há muito que que não ia até lá.
Desde que o avô morrera (saudoso tio Sabino) não regressara, não sabia que era feito da sua oficina de ferrador.
O tempo é implacável. E já lá iam uns anos desde que viera para Sevilha.
Pensava muitas vezes em voltar mas não era fácil sobreviver na sua terra, quase todos a abandonaram e como ela, muitos foram para o sul de Espanha apanhar morangos, uvas, enfim, o trabalho sazonal que houvesse, duro mas bem pago.
Mas esses tempos já lá iam, agora vivia na cidade, trabalhava como auxiliar no Hospital Psiquiátrico e já fizera muitos amigos.
Ganhou afeição aos doentes, em especial ao Sr Paco Gonzalez. Era engraçado como ele desde o princípio lhe começara a chamar Guadalupe... e não é que tinha acertado no seu nome?
Só mais tarde é que percebeu, ao falar com a Dra Marta, que ele tinha uma obsessão e visões com uma tal Guadalupe, bailarina de flamengo.
Na altura até ficou um pouco apreensiva:
- Oh doutora, será que ele tem poderes sobrenaturais?
- Não te preocupes, Guadalupe, é usual estes doentes terem destas fixações, o nome foi uma coincidência. De qualquer modo és para ele alguém especial.
Quero bem ao vento norte
Que me faz andar à vela
Quero bem ao vento sul
Que me leva à minha terra…
Continuou pelo corredor cantarolando baixinho, a pensar quando poderia ir até ao Alentejo, saudades de Serpa, da festa da Senhora de Gadalupe, da largueza dos montados e dos olivais da sua terra.
Marta por seu lado roía-se de saudades bem mais longínquas e persistentes. Não é que não gostasse de Sevilha, mas suspirava por outro calor, mais húmido, agarrado ao corpo, pelo cheiro da terra e do ar impregnado de mil perfumes. África…
A especialização que estava a fazer no Hospital Virgen Macarena ainda ia a meio e tinha mais um ano pela frente antes de regressar à sua terra; enfim , valia-se dos livros, das fotos e da música para manter vivo o seu sentimento de pertença.
(Laura, 05/01/2007)