sexta-feira, novembro 30, 2007

As quatro palavrinhas



Na recente cimeira Ibero-Americana, Hugo Chávez, interrompeu o discurso do primeiro-ministro espanhol, com palavras insultuosas ao antigo titular do cargo, José Maria Aznar, chamando-o “fascista”.
A isto respondeu Zapatero, dizendo que, para haver boas relações entre os países, independente das diferenças que possam existir, deveria haver respeito, pois além de tudo, o antigo primeiro-ministro espanhol tinha sido eleito democraticamente pelo povo.
Mas Chávez não se calava e é então que o rei Juan Carlos, num gesto sem precedentes, chegou-se à frente dizendo-lhe: “Porque não te calas?”. Estas quatro palavrinhas caíram, nos ouvidos de muita gente, como uma sopinha quente num estômago vazio. Ainda para “sobremesa”, ouve-se o dito Chávez a dizer que o rei, por ser rei, não o manda calar, que ele próprio também é chefe de Estado eleito democraticamente, que exige respeito, bla, bla, bla.
Esquece-se que os seus próprios compatriotas devem estar fartos de o ouvir falar, nos seus intermináveis discursos de 7 horas, com que os contempla de tempos a tempos, imaginando nós a vontadinha que eles terão de o mandar calar também. Era caso para dizer que o rei lhes tirou as palavras da boca.
Em matéria de insultos, haveria muito a apontar ao presidente da Venezuela, país onde são raptados e assassinados compatriotas nossos e em que os direitos humanos são letra morta para o governo. Há tempos, na ONU, ao chegar ao palanque para discursar depois de George Bush, disse: "O Diabo passou ontem por aqui, este lugar ainda cheira a enxofre". E, sempre que pode, toca a insultar quem lhe apetece, sentado que está num mar de petróleo e sabendo que o mundo precisa dele.
Por cá, João Soares considera que o rei se excedeu e que talvez o Chávez tivesse razão em chamar fascista a Aznar, por este ter reconhecido um golpe de estado na Venezuela, em 2002, onde o próprio Chávez foi afastado temporariamente do poder, pela oposição do seu país.
Ora, reconhecer que a Venezuela é uma democracia é o mesmo que acreditar que Carolina Salgado é uma senhora recatada e virtuosa. Mas vamos lá saber porque é que as pessoas tendem a ser “do contra”?
O que é certo é que já foi criado um site baseado nas palavras de Juan Carlos, e já se pode fazer download para os telemóveis de mais de 50 versões da referida frase, como toque polifónico, para além dos vídeos, alusivos ao momento, espalhados por toda a internet.
As palavras do rei criaram um precedente, que deveria ser respeitado pelos países democráticos. Por exemplo, aparecia cá o Mugabe a dizer baboseiras, ele que vive numa casa que parece o palácio de Versalhes e tem o povo na miséria, e alguém deveria dizer-lhe: Porque não te calas? Ou quando o presidente do Irão foi aos Estados Unidos, discursar numa universidade, dizendo que na terra dele não havia gays (talvez porque ele os faça desaparecer). Ou até quando algum ditador vai discursar à ONU, pensando que por ser chefe de estado de um país qualquer, tem direito a sentar o traseiro naquele lugar e a vomitar demagogia.
E até internamente, quando entendêssemos que algum político nos estava a enganar e a insultar a nossa inteligência, dizer-lhe as mesmas quatro palavrinhas. Tenho a certeza que o mundo ficaria muito mais aliviado.
Maria de Portugal

3 comentários:

António Gil disse...

Sem dúvida, Tó.
Um abraço,

Carolina disse...

APOIADO! APOIADO!APOIADO!
O Mundo não pode estar a caminhar no bom sentido.Muitos países estão entregues a gente louca, que domina e aterroriza o povo que devia proteger.
O que os mantém lá são os LAMBE BOTAS que os levam a pensar que são "gente"!CAMBADA!

lami disse...

Há coisas que não cabem no meu entendimento! O desejo imparável de poder e mais poder, se dinheiro e mais dinheiro, sem parar nunca para pensar como somos mortais e o nosso reino é tão efémero! Entretanto vale tudo!