Estou à tua espera...

Da janela do meu quarto vejo passar, em fiapos, as nuvens de um céu sem brilho.

Tenho vontade de lhes gritar que esperem por mim que me levem na viagem do infinito, ao encontro de ti. Olho em redor e vejo a minha cama, fria sem a tua presença. A tua roupa está espalhada no chão, mas só na minha imaginação. Os meus dedos acariciam os teus cabelos, o teu corpo esguio e sereno, mas somente em recordação do tempo que vivi com a tua presença, o teu cheiro e o nosso amor.

A minha casa já foi aconchego de muitos sonhos. Hoje é enorme e vazia, onde o espaço é ocupado com o arquivo das memórias dos dias que foram nossos.

Mais uma vez olho o céu e as nuvens na sua viagem sem destino e espero pela noite, a minha cúmplice de sempre, nos meus sonhos contigo.

Passam os dias, passam as nuvens, mas a minha espera não. Ela fica para sempre a alimentar os meus sonhos de mulher ferida. Novamente os meus olhos percorrem o quarto e, novamente vejo a cama onde em tempos erguemos o nosso santuário de amor. Fecho os olhos, e assim permaneço nesta quietude profunda e embriagadora, convencida que descanso a minha cabeça no teu peito, considerado o meu porto de abrigo, o meu aconchego de amor.
Levanto o olhar e, vejo no espelho o reflexo do meu rosto cansado, semeado de rugas que as saudades rasgaram sem dó ou piedade.
Sorrio…estou à tua espera.

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Texto da Zília