Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterelizado.
Olhei-a dum lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao luma,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
( Um dos mais belos poemas de António Gedeão)
Publicado por Carolina
3 comentários:
Sempre gostei deste poema em especial mas António Gedeão nunca me deixa indiferente. Obrigada.
Na sexta- feira comemorou-se o centenário do seu nascimento.
Não foi a "Asas", foi a Carolina (desasada).
;)))
Enviar um comentário