
OS AMIGOS
Obrigadas pelo vento forte e frio do norte, vejo da minha janela, a dança frenética das plantas, e de tudo o que não está protegido desta ventania, nesta primavera pouco amistosa.
Com tanto vendaval refugiei-me no aconchego de minha casa, esperando por dias mais amenos, para prosseguir com os meus afazeres exteriores.
A dois passos da minha janela, tenho um frondoso tufo de madressilva, florida e cheirosa, onde uma colónia (mais bonito do que bando) de pardais, resolveu "fazer de casa" para se proteger do frio e descansar. É maravilhoso estar, embora encoberta pelos cortinados, a dois passos destes meus vizinhos, alegres e comunicativos entre si. É vê-los saltitando alegremente no emaranhado dos ramos da viçosa madressilva. Penso que nos dias de hoje, até a vida de pardal não é nada fácil. Já não há extensões de searas e pomares como antigamente, a comida é em menos quantidade, o que os obriga a um maior esforço na procura de alimento. Mas, no entanto, ao chegarem a “casa”, estão alegres e brincalhões numa agradável socialização, ao contrário dos humanos que andam sempre sisudos, preocupados e introvertidos.
Adormecem antes das estrelas acordarem no céu da noite, enquanto que eu, fico ainda por mais algum tempo agarrada aos afazeres domésticos e ao vício do computador e televisão, só depois é que me entrego por necessidade e prazer ao aconchego do morfeu sereno.
As seis horas da manhã sou acordada pelo meu pontual despertador, enquanto que os meus amigos ainda se encontram no aconchego do seu sono reparador, despertando somente aos primeiros laivos de claridade de uma manhã que se transformará em mais um dia de muito labor. Só depois, sabendo que não os incomodo, abro as portadas das janelas e parto também, à conquista de mais um dia da minha vida .
(Publicou a Zília)