Bento do Sobrado
No horizonte já pintado de cores quentes, o sol anuncia que o dia vai ser de canícula intensa. No prado a erva rasteira, brilha como diamantes num jogo de gotículas de orvalho e raios solares.Um forte odor a feno fresco, perfuma a manhã ainda em principio, mas já com vida e movimento.
Sentado no pouco que resta de um tronco de oliveira, Bento do Sobrado olha o horizonte largo e pensa na sua vida já longa, mas ainda de vigor e muitos afazeres.
Afaga as suas brancas barbas e deixa-se envolver nas suas recordações, tão nítidas como um filme a passar diante dos seus olhos, azuis como o céu sem nuvens.
Olha as suas terras, hoje de pastorícia, ontem de sementeiras. Ao longe vê o seu moinho já acusando algumas necessidades urgentes; a dor da perda instala-se no seu peito magro.Recorda a sua juventude, o seu principio de vida muito árdua, mas compensada com o amor da sua companheira e dos filhos que não tardaram em chegar ao seu pequeno lar de algumas faltas.
Assiste sempre ao deslumbramento do nascer do sol, e na colina a norte avista o seu moinho há muito parado, não por falta de vento mas sim por falta de vida própria.
O grão de milho ou de trigo já não passa nas suas mós de pedra por ele picadas.As velas ainda lá estão, grandes e alvas a brilhar ao sol ainda curto. O homem abraça o velho e rilhado tronco do que antes foi uma frondosa e produtiva oliveira e deixa-se carinhosamente envolver nas suas recordações de trabalhador rural e moleiro dedicado, sábio na sua arte, mas a sua vida mudou de rumo. Na sua cabeça o seu sonho agita-se e a pouco e pouco toma a forma de uma oportunidade que não pode deixar passar sem a desenvolver. Sim, é possível. Ele está desponível para avançar de peito aberto, confiante e dedicado. Mostrar às crianças das cidades as complexas técnicas do seu moinho. Os seus lábios rasgam-se num sorriso de esperança e o seu orgulho de moleiro cresce como quando era ainda um jovem com força para desbravar o mundo.
Zília
Sentado no pouco que resta de um tronco de oliveira, Bento do Sobrado olha o horizonte largo e pensa na sua vida já longa, mas ainda de vigor e muitos afazeres.
Afaga as suas brancas barbas e deixa-se envolver nas suas recordações, tão nítidas como um filme a passar diante dos seus olhos, azuis como o céu sem nuvens.
Olha as suas terras, hoje de pastorícia, ontem de sementeiras. Ao longe vê o seu moinho já acusando algumas necessidades urgentes; a dor da perda instala-se no seu peito magro.Recorda a sua juventude, o seu principio de vida muito árdua, mas compensada com o amor da sua companheira e dos filhos que não tardaram em chegar ao seu pequeno lar de algumas faltas.
Assiste sempre ao deslumbramento do nascer do sol, e na colina a norte avista o seu moinho há muito parado, não por falta de vento mas sim por falta de vida própria.
O grão de milho ou de trigo já não passa nas suas mós de pedra por ele picadas.As velas ainda lá estão, grandes e alvas a brilhar ao sol ainda curto. O homem abraça o velho e rilhado tronco do que antes foi uma frondosa e produtiva oliveira e deixa-se carinhosamente envolver nas suas recordações de trabalhador rural e moleiro dedicado, sábio na sua arte, mas a sua vida mudou de rumo. Na sua cabeça o seu sonho agita-se e a pouco e pouco toma a forma de uma oportunidade que não pode deixar passar sem a desenvolver. Sim, é possível. Ele está desponível para avançar de peito aberto, confiante e dedicado. Mostrar às crianças das cidades as complexas técnicas do seu moinho. Os seus lábios rasgam-se num sorriso de esperança e o seu orgulho de moleiro cresce como quando era ainda um jovem com força para desbravar o mundo.
Zília