
E dizia um rouxinól para o outro:
- Então já sabes a última?
- Eu não. É o quê?
- Acabo de ler no "Jornal da Passarada" que lá para o Alentejo, numa terra chamada qualquer coisa André, há um grupo de sem penas que nos estão a imitar. E para que o logro seja maior, vê lá tu, até se intitulam ASAS. ASAS??? Se não teem penas nem são aviões, porque se dizem ASAS?
- Piu, piu, está o mundo doido. E depois?
- E depois? Ainda perguntas? Sacode as penas e põe lá a moleirinha a funcionar. É claro que por este andar não tarda estamos no desemprego. E adeus gaiolas douradas, com TI e ar reciclado.
- Mas tens a certeza? Não terás lido mal?
- Olha, até te posso dizer que a última vez que cantaram foi exactamente hoje.
- Piu, piu. Meu Deus!
- E segundo vem escrito, tiveram um sucesso enorme.
- Piuuuu, piuuuu, estamos tramados! Temos que fazer qualquer coisa.
- Tive uma ideia. Proponho que comecemos a desafinar. Eles imitam-nos e lixam-se. E nós continuamos os reis do canto, com as mordomias a que temos direito e estamos habituados. E com um pouco de sorte ainda nos convidam para ir cantar à Biblioteca.
- Ideia de passarinho! Apoiado, piu, piu, apoiado.
E assim termina esta história real que eu ouvi contar a um rouxinól, cerca da meia-noite do dia 12 de Setembro de 2007, por sinal uma quarta-feira.