Três Vidas em Três Canções (título provisório)
Na sua bata de colegial ela seguia com os livros debaixo do braço, contornando as árvores do passeio.
Meia distraída nem reparava na beleza que coroava aquelas árvores frondosas, sentia um aroma adocicado e, à sua volta, zumbiam insectos felizes e irrequietos.
O machimbombo passava três quarteirões mais à frente e ela tinha de se apressar para não ficar em terra.
A rua de passeios largos estava desimpedida e tirando as acácias só precisava de contornar uma ou outra capulana estendida onde as maçarocas, os montinhos de mangas, o caju torrado convidavam a parar e a comprar...
Era um dia quente como são os dias das acácias floridas, ela ia apressada na leveza ondulante e fresca das suas jovens pernas nuas.
Não passava despercebida e um ou outro magala, ao cruzar-se com ela, olhava-a insistentemente e lançava piropos.
Numa corridinha chegou à paragem.
Esta avenida larga de quatro faixas tinha o movimento incessante do trânsito da manhã.
Esperou uns segundos e quando o machimbombo se aproximou estendeu o seu braço moreno e delgado.
Quando subiu ficou junto à janela, à altura dos primeiros ramos das acácias e aí perdeu os olhos naquele mar de flores rubras e intensas. Recordou a canção…
Mandei-lhe uma carta
em papel perfumado
e com letra bonita
dizia que ela tinha
um sorriso luminoso
tão triste e gaiato
como o sol de Novembro
brincando de artista
nas acácias floridas
na fímbria do mar…
(Laura (02/01/2007)
1 comentário:
Está toda a gente de férias Laura!
Para quem está de férias "cá dentro" é tempo de recordações, bem felizes...
Beijinho.
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